segunda-feira, 31 de julho de 2017

Os homens são anjos nascidos sem asas, é o que há de mais bonito, nascer sem asas e fazê-las crescer


Há quem não aprecie  a escrita de Saramago. Apesar de muitos terem os seus livros jamais os leram, tantas  vezes  usados para "dar o ar " à estante lá de casa, livros comprados  através dos clubes de livros  ou que vêm nos jornais e de repente estão ali, na estante, sem uma única página aberta, ainda intactos. No entanto constato que cada vez mais há apreciadores cá e longe  de cá. 
Há quem por exemplo na Rússia, Ucrânia, China, se especialize numa área da literatura e muitas vezes a escrita de Saramago é a visada e objecto de estudo.
A minha experiência foi difícil com ele. O meu primeiro livro dele, li-o e reli-o várias vezes seguidas. Até conseguir perceber como tinha de ler a sua escrita. É como se estivéssemos a ler os pensamentos e neles não há pontuação, somos nós que a fazemos. 
Confesso que hoje sou ávida leitora dele e esta obra, O Memorial do Convento, foi lida devagar. Ao contrário de Levantado do Chão, o primeiro...."… ( "Tanta paisagem. Um homem pode andar por cá uma vida toda e nunca se achar, se nasceu perdido"). Lida e relida. 
Portugal deveria ter particular atenção por todos os que engrandeceram a nossa História, nas diferentes artes. Em particular a escrita. 
Depois de ter aprendido a lê-lo, é talvez dos meus autores preferidos. Cada vez que pego um livro dele, lá está uma frase que fica  e esta, é absolutamente fantástica : ..."os homens são anjos nascidos sem asas, é o que há de mais bonito, nascer sem asas e fazê-las crescer..."
“Quando o tempo levantou, passada uma semana, partiram Baltasar Sete-Sóis e Blimunda Sete-Luas para Lisboa, na vida tem cada um sua fábrica, estes ficam aqui a levantar paredes, nós vamos a tecer vimes, arames e ferros, e também a recolher vontades, para que com tudo junto nos levantemos, que os homens são anjos nascidos sem asas, é o que há de mais bonito, nascer sem asas e fazê-las crescer, isso mesmo fizemos com o cérebro, se a ele fizemos, a elas faremos, adeus minha mãe, adeus meu pai”
do Memorial do Convento de José Saramago
Não há nada como ganhar asas, já lá diz o ditado, ler é como viajar, nunca sais a perder.
Imagem encontrada através do google imagens


domingo, 30 de julho de 2017

Os que nos desgovernam




Sou velha demais para ter medo, se não o tive em tempos idos , jamais será o tempo de o ter.
Portugal é uma país lindo demais mas onde o colonialismo está vivo e latente dentro de um Estado e país que vive de estatutos...doutores e engenheiros, professores etc, onde as pessoas deixaram há séculos de ser tratadas pelos seus nomes de família e usam os estudos que têm, tantas vezes sabe-se lá como os conseguiram ( não é apenas na era de Relvas e Sócrates que se compravam cursos, é prática corrente e muitas obras o mostram), mas mesmo assim, os pobres coitados, adoram ser chamados pelos seus títulos académicos mesmos que e, sem me repetir, o título tivesse sido por passagens administrativas ou porque o paizinho ou avô o comprou... tais. uma sociedade podre.

Professores que ensinam o que lhes convém, gente medíocre a todos os níveis que só porque ou é algo que é reconhecido pelo rebanho de gente onde está inserido ou. ainda porque arranjou um tacho num programa de televisão, esses todos, se julgam superiores. Mas não são.
Esses são a escória do novo século.
Século que se quer numa verdadeira e fraterna amizade global, de verdadeira igualdade, onde todos sejamos iguais qualquer que seja o credo, qualquer que seja o género , qualquer que seja o estatuto social que, a cumprir-se os estatutos da constituição de Abril, todos seriam iguais perante a lei, todos seriam iguais em todas as diferentes características da sua vida.

Mas tal como não é verdade em África, não o é por terras lusas, onde muitos dos que mandam na nação nem sequer foram nascidos no território ou são descendentes de outros que não nasceram cá e, muitos são tudo menos cidadãos comuns.
Para isso basta ter dois olhos para ver e ler e dois dedos de testa para entender.
Infelizmente, o povo é sereno e de brandos costumes, foi para Salazar e vai continuar a ser. E quem mais manda é quem menos merece mandar.
A minha própria passagem pela universidade numa segunda vez e, aos cinquenta anos, me mostrou que o sistema está montado para alguns. É podre e corrupto. Antigamente só estudava quem tinha poder económico, hoje pouco mudou....e os de então, são quase os mesmos que ensinam há décadas e com as mesmas "palas".

Perguntaram-me há tempos porque não votei no ex reitor, a que eu respondi que ele foi o culpado de se ter vergado e aceite o processo de Bolonha. Mas não só, isso apenas uma entre as muitas coisas em que lhe não reconheço mérito. Porque não o tem!
Não apenas a ele, mas a institutos que têm fundações por trás e onde a sacanagem é o mote de vida e as pretensas elites, ou são fruto do colonialismo ou das novas versões de género.
São esses que ensinam a nós e aos nossos filhos e netos, porque na realidade, a trampa não mudou,. o que mudaram foram mesmo as moscas, estas vieram de países longínquos onde Portugal colonizou, mas a trampa, são esses que fazem agora, por cá.