Este ano o meu Natal foi ainda menos convencional do que os anteriores. Raramente faço pratos tradicionais. Odeio
fazer o que todos os outros fazem, até
porque peru e bacalhau, como todo o ano e o que interessa é mesmo estar em paz,
mesmo que sozinha.
Nos últimos anos tenho passado o Natal a dois, e este ano,
ainda não foi excepção.
Para ser sincera detesto tudo o que seja comercial, fácil,
oco, bonitinho de aparência, pessoas falsas ou pretensamente cultas, mas que
têm sentimentos contrários aos meus.
Norteio a minha vida por princípios. Nem sempre entendidos
até pelos filhos, quanto mais por quem não me conhece de parte nenhuma.
A única coisa que quero mesmo, para mim e para o meu
companheiro de vida, é paz e serenidade. Que as quezílias fiquem fora da redoma neste
período. Não quero nem aproximação de
quem me quer mal, me faz mal, me inveja,
me olha de esguelha, me contradiz, me critica mesmo que nas costas e em
surdina. Esses não são meus amigos e eu não os quero a ver-me, olhar-me,
ler-me, partilhar o que gosto.
Como
não praticante de nenhum credo para além de amante da natureza, sinto
recentemente um certo apego a Francisco, o novo Papa. Quero acreditar que o
Universo congeminou na vinda dele, na sua eleição, para trazer mais realeza ao
mundo. Porque a felicidade não é dos ricos.
Conheço tanto rico pobre de
amor....que apenas tem dinheiro, e esse deve ser o estado mais pobre e triste
que algum ser humano pode experimentar.
Este Natal
foi para mim mais um período onde alegria, houve pouca.
Não são só os problemas
de cada um, mas por todo o mundo houve problemas.
Mortes nas cheias no Brasil,
mortes e milhares de pessoas afectadas pelos temporais na Inglaterra, Irlanda e
Escócia, no Canadá, mais de meio milhão de pessoas sem electricidade, outras
sem poderem viajar, milhões com fome, chuvas torrenciais, e a constatação de
que o mundo é cada dia mais desigual.
A Terra, o verdadeiro paraíso que muitos
homens tornam no maior dos infernos!
Portugal empobreceu, mas subiram o número de milionários....fantástico não é?
Portugal empobreceu, mas subiram o número de milionários....fantástico não é?
É nestes dias que pensamos em todas as guerras, especialmente na Síria, aos
problemas de Gaza e todo o médio oriente, o drama do tráfico de seres humanos,
ainda o Iraque, nos países do Corno de África, na corrupção de políticos que
vai da esquerda à direita....um horror... este mundo!
Por isso pergunto, porquê comemorar o Natal da maneira como hoje é feito? Sem o espírito. Nasci uns bons anos depois da II Grande Guerra, mas era criança e ainda recordo as filas de pessoas com senhas para o pão, para os lacticínios. Nesse tempo, posso garantir-vos, em casa de meus avós paternos vivi os únicos natais da minha vida, a sério. Não havia prendas...quantas vezes se recebia uma camisola tricotada à socapa por uma tia, ou umas meias, nos longínquos anos cinquenta, era um luxo ter certas coisas. Porque a guerra devastara parte do mundo, havia pouco que comer e comia-se das hortas, o resto trocava-se. Recordo dos meus vestidos, até ter uns sete anos, creio que eram feitos de camisas de meu pai e tios, que começavam aqui e ali a ficar puídas, Tudo se aproveitava. Bons tempos esses, muito mais tarde tive uma boneca de papelão que veio de Espanha...de onde não vêm nem bons ventos nem bons casamentos, eu tive a minha boneca. E caramelos...meu avô materno lá arranjava quem lhe "passasse" uns pacotes de caramelos. Contrabando, na altura. Vivíamos uma ditadura de direita!!
Hoje os filhos, na maioria das vezes não querem estar com os pais, preocupam-se que "prenda" vão receber, por isso e de há uns três anos a esta data, cá em casa, há pequenas recordações, um livro, uma caixa de bombons, uma vela, uma planta e pouco mais.
Por isso pergunto, porquê comemorar o Natal da maneira como hoje é feito? Sem o espírito. Nasci uns bons anos depois da II Grande Guerra, mas era criança e ainda recordo as filas de pessoas com senhas para o pão, para os lacticínios. Nesse tempo, posso garantir-vos, em casa de meus avós paternos vivi os únicos natais da minha vida, a sério. Não havia prendas...quantas vezes se recebia uma camisola tricotada à socapa por uma tia, ou umas meias, nos longínquos anos cinquenta, era um luxo ter certas coisas. Porque a guerra devastara parte do mundo, havia pouco que comer e comia-se das hortas, o resto trocava-se. Recordo dos meus vestidos, até ter uns sete anos, creio que eram feitos de camisas de meu pai e tios, que começavam aqui e ali a ficar puídas, Tudo se aproveitava. Bons tempos esses, muito mais tarde tive uma boneca de papelão que veio de Espanha...de onde não vêm nem bons ventos nem bons casamentos, eu tive a minha boneca. E caramelos...meu avô materno lá arranjava quem lhe "passasse" uns pacotes de caramelos. Contrabando, na altura. Vivíamos uma ditadura de direita!!
Hoje os filhos, na maioria das vezes não querem estar com os pais, preocupam-se que "prenda" vão receber, por isso e de há uns três anos a esta data, cá em casa, há pequenas recordações, um livro, uma caixa de bombons, uma vela, uma planta e pouco mais.
Porque o Natal se não é para ser vivido em família, não pode ser
desculpa para endividamento, para dar cabo do fundo maneio da família.
Porque o Natal é confraternização e é essencialmente uma boa época para fazermos um exame interior, de renascimento dentro de nós mesmos, sem medos e retirar de nossas vidas o que nos faz mal, sermos capazes de cortar o tal cordão que nos prende ao sofrimento. Sermos capazes de fazermos projectos, o tal dos pequenos passos, mudando o nosso interior, a pouco e pouco, para melhor, sempre em frente e sem olhar para os erros do passado, sempre na senda da paz e do renascimento do nosso eu.
Porque o Natal é confraternização e é essencialmente uma boa época para fazermos um exame interior, de renascimento dentro de nós mesmos, sem medos e retirar de nossas vidas o que nos faz mal, sermos capazes de cortar o tal cordão que nos prende ao sofrimento. Sermos capazes de fazermos projectos, o tal dos pequenos passos, mudando o nosso interior, a pouco e pouco, para melhor, sempre em frente e sem olhar para os erros do passado, sempre na senda da paz e do renascimento do nosso eu.
Para mim é isso o Natal, geralmente
período em que passo largas horas sozinha na cozinha, fazendo coisas que todos
gostam e com muito amor, mas que serve essencialmente como uma purga interior.
É nesse período que eu sei, tenho Deus em mim, porque eu saio iluminada desses
períodos e com motivos e forças para continuar, mesmo sofrendo, mesmo não tendo
o sucesso que sei merecer, mas reforçada na minha alma e com muito mais ânimo.
É por isso que amo o Natal.
Saio sempre mais forte e convicta de que o caminho
é para continuar e percorrê-lo sempre com mais propósito e ânimo.
Por isso vos desejo também, Feliz Natal!
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