quinta-feira, 27 de março de 2014

Uma permanente e incessante busca de mim própria



Escrevi este texto em 2011, tinha o blog há pouco tempo e hoje sinto igual. O que faz de nós,  seres de solidão?
Já alguma vez se sentiram sós, absolutamente sós, numa casa cheia de gente e barulho? 
Eu sim, muitas vezes.

Tal como se viajássemos num comboio de longo curso, sem conhecermos ninguém que connosco viaja e durante dias lá vamos seguindo viagem, isolados, dentro de nós próprios. 

Ninguém fala a nossa língua, ninguém nos fala, é como se fossemos transparentes. 
Ninguém nos entende ou olha sequer para nós, e se o faz, é de soslaio, como se não existíssemos, como se fossemos nada. Nepia! 
E continuamos isolados, mas não estamos sozinhos de nós, estamos sozinhos connosco, conversamos, fazemos juízos de valores, olhamos, apreciamos, admiramos, tudo dentro de nós.


Viver? Mas onde, com quem, afinal quem somos, ninguém à nossa volta nos conhece nem o que fazemos ou para onde vamos... e de repente algo acontece, alguém liga a TV, ou um CD começa a tocar, uma porta bate e abrimos os olhos e reparamos que estamos numa sala, entre gente que conversa, miúdos que correm, abandonados dentro do nosso eu, desejosos de sair dali, nem sabermos bem o que ali fazemos. 


Ninguém nos diz nada, nada tem valor, é tudo um faz de conta sem medida. Uma pretensão de vida. E queremos fugir, partir sem destino, procurar a outra metade, procurar a vida. 


Há como que uma dualidade em nós...parece que estamos "fora do nosso corpo", como se fossemos simultâneamente observadores e observados, médico e cobaia... e num sopro de tempo, não sabemos o que fazer connosco.



Estou nostálgica da minha juventude,  da vida, mas sinceramente não posso mentir, não tenho saudades ou nostalgia  de mais nada. 
É de mim e do tempo que vivi que tenho nostalgia.

Quando tomamos consciência da nossa "solidão", sabemos da pessoa que somos e fomos, existimos!! 

E eu,  estou só, perdida em mim!

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